O Grito da Alma e o Clamor que Deus Ouve



Certa vez, enquanto chamava alguém na rua, fui admoestado por meu amigo, o diácono Samuel Vidal. Ele, com sua serenidade e sabedoria, me disse que eu não precisava gritar daquele jeito, pois deveria ter uma postura diferente. Suas palavras, à primeira vista, pareceram uma simples correção de comportamento, mas depois, ao refletir, percebi que continham uma verdade espiritual profunda.

Há um grito que ecoa pelo mundo, que se perde no ruído do cotidiano, que revela impaciência e descontrole. Mas há outro grito — um clamor silencioso e intenso — que atravessa os céus e alcança o coração de Deus. O salmista Davi experimentou isso e deixou registrado em Salmos 18:6:

"Na minha angústia invoquei ao Senhor, e clamei ao meu Deus; desde o seu templo ouviu a minha voz, e aos seus ouvidos chegou o meu clamor perante a sua face."

Este versículo nos revela algo grandioso: Deus não é indiferente ao clamor da alma aflita. Quando nossa voz é elevada aos homens, pode ser ignorada, reprovada ou até julgada, mas quando nossa alma grita ao Senhor, Ele inclina seus ouvidos para ouvir.

A diferença entre o grito da carne e o clamor da alma está na sua origem e no seu destino. O primeiro nasce da impaciência, do descontrole, da tentativa de impor nossa presença sobre os outros. O segundo brota da dependência, da fé, da consciência de que somente Deus pode responder. No dia em que o diácono Samuel Vidal me chamou a atenção, percebi que muitos dos gritos que damos na vida não são necessários. No entanto, há um grito que não apenas é necessário, mas essencial: o clamor sincero e humilde diante de Deus.

O grito da alma é aquele que vem das profundezas do nosso ser quando palavras não são suficientes. É o gemido do coração partido, a súplica do espírito esmagado, a voz de quem já não pode mais carregar sozinho suas dores. E é esse clamor que Deus promete ouvir.

Quando Davi clamou, Deus não apenas o ouviu, mas se moveu em seu favor. O salmo descreve a resposta divina como algo tremendo: a terra tremeu, os céus se abalaram, e Deus veio como um guerreiro para socorrer seu servo (Salmos 18:7-19). Isso nos ensina que o clamor sincero nunca retorna vazio.

Portanto, a pergunta que faço a você, leitor, é: qual tem sido o seu grito?

Se tem sido o grito da carne — movido pelo desespero, pela ansiedade ou pela tentativa de ser ouvido pelos homens — talvez seja hora de silenciar e aprender a clamar corretamente. Mas se o grito da sua alma é um clamor sincero a Deus, então descanse: Ele já ouviu. Seu socorro não tardará.

Que nosso clamor não seja um ruído desordenado, mas uma oração cheia de fé, capaz de alcançar os ouvidos do Todo-Poderoso. Que aprendamos a diferença entre gritar para o mundo e clamar ao Senhor. Pois os homens podem nos repreender, mas Deus nos responde.


Por: Denilson Oliveira 

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